Há muito tempo que trabalho em marketing. Tendo trabalhado em marketing desde que me licenciei, penso que sei a diferença entre “pessoas que crescem” e “pessoas que não crescem”, embora um pouco. Também tive períodos de crescimento avassalador e períodos de estagnação, e a diferença na forma como abordei o meu trabalho nessa altura também influenciou a minha abordagem básica ao meu trabalho.
As pessoas que não crescem caracterizam-se pelo “pensamento de culpa do outro
A primeira conclusão é que a caraterística das pessoas que não crescem é o “pensamento de culpa dos outros”. O pensamento de “culpabilização do outro” é uma forma de pensar que faz com que os outros assumam a responsabilidade por si, em vez de assumir a sua própria responsabilidade, como está escrito. Porque é que as pessoas não crescem quando têm este tipo de pensamento? Muitas pessoas podem ter alguma ideia. Quando se tem uma mentalidade de culpa dos outros, não se assume a responsabilidade pelo trabalho, pelo que os sentimentos em relação ao trabalho são inevitavelmente baixos. Mesmo em reuniões com clientes, acabamos por trabalhar de forma a fazer apenas o que nos mandam fazer em resposta às decisões tomadas pelo nosso chefe.
Essencialmente, como um membro da sociedade que ainda é imaturo, precisa de aprender a pensar a partir do que o seu chefe diz nas reuniões, e depois passar pelo processo de tentativa e erro de realmente pensar sobre as questões. No entanto, se tiver uma mentalidade de culpa do outro, pensa algures na sua mente que a responsabilidade pelo seu trabalho cabe ao seu chefe e não a si próprio, pelo que é menos provável que pense no significado dos comentários do seu chefe ou na forma de preparar os materiais. Isto leva a um ciclo vicioso de basicamente esperar e fazer apenas o que lhe mandam.
Um emprego como consultor de marketing é fortemente influenciado pela capacidade pessoal.
Pode ver o que acontece quando isso acontece. Não se pode desenvolver o pensamento de marketing fazendo apenas o que nos mandam fazer. Também é difícil apresentar-se perante os clientes e propor estratégias de marketing. Isto porque o valor fundamental do trabalho de marketing depende do seu próprio pensamento e conhecimento. A tarefa de propor estratégias de marketing depende, em última análise, da reflexão do responsável sobre o cliente e da quantidade de reflexão e conhecimentos que acumulou em empregos anteriores.
Um equívoco comum é a ideia de que, se aprender uma estrutura de marketing e a utilizar como modelo para o seu pensamento, será capaz de normalizar o seu trabalho de marketing. É claro que não negamos isso. É possível. No entanto, é impossível, antes de mais, criar valor através da normalização desse trabalho de consultoria. A estandardização permite prestar serviços a baixo custo, mas a estandardização torna basicamente impossível adaptar as propostas à situação do cliente. O resultado é que o cliente fica numa situação em que nada melhorou. O resultado é que o cliente fica numa situação em que nada melhorou. É evidente que as empresas que oferecem este tipo de consultoria de marketing não têm futuro. Por vezes, temos sorte e a normalização é conseguida, mas isso depende da sorte.
Em última análise, o que quero dizer é que a consultoria é um sector que é fortemente influenciado pelas competências, experiência e conhecimentos dos indivíduos. Por conseguinte, o que conta é a capacidade de reflexão do indivíduo. É preciso compreender a situação do cliente e pensar na forma como se pode resolver o problema, utilizando plenamente os conhecimentos e a experiência que se tem. Só então será capaz de resolver os problemas de marketing do seu cliente.
Como é que se pode adquirir o “poder de pensar”?
Então, como é que se obtém o “poder de pensar”? Para o dizer sem rodeios, só o pode adquirir pensando. Lamento muito, mas é só isso. Mencionei acima que houve um período em que cresci mais, mas esse foi um período em que pensei de qualquer maneira. Não é que tenha lido livros sobre o pensamento ou que tenha tido manuais escolares. Limitei-me a pensar nos problemas e na forma de os resolver dentro dos vários condicionalismos.
Penso que a capacidade de pensar não é algo que se possa adquirir através da aprendizagem. Existem certamente livros sobre o pensamento lógico, mas a minha opinião é que, embora este conhecimento seja necessário, a capacidade de pensar não pode ser adquirida memorizando-o como conhecimento. A capacidade de pensar é uma competência. Tal como aprender a andar de bicicleta como conhecimento não tem sentido, a capacidade de pensar não pode ser adquirida apenas através do conhecimento, por muito que se tente. Por isso, depois de ler um livro sobre raciocínio lógico básico, é importante praticar o pensamento de qualquer forma.
Pensar é doloroso. Muito doloroso.
Muitas pessoas ficam desiludidas quando digo isto. É especialmente dececionante para aqueles que querem obter a capacidade de pensar sem esforço. Isto porque pensar é muito doloroso e difícil. Por muito que se pense, não se sabe qual é a tarefa exacta. Isto acontece porque nos encontramos numa situação em que conhecemos o desafio, mas não sabemos o método para o resolver. Apenas aqueles que pensaram sobre o assunto podem compreender esta dor, mas toda a gente quer escapar a esta dor, por isso tentam adquirir conhecimento em vez de pensar. Por isso, ficam desiludidos quando lhes digo que a única maneira é pensar. Pensam que têm de voltar a passar por esse sofrimento.
Não se pode aprender a pensar com o pensamento de culpa dos outros por causa do sofrimento.
Gostaria de voltar aqui ao tema do pensamento de outra culpa. Quando nos tornamos um pensador que pensa no outro, perdemos o sentido de responsabilidade pelo nosso trabalho. Isso também nos permite escapar à dor de pensar. É o patrão que pensa e, como resultado desse pensamento, o que tem de ser feito vem de cima e tu apenas o fazes. É fácil porque não há “pensamento” envolvido. O pensamento de outra culpa pode ser uma forma importante de pensar para continuar a trabalhar, mas infelizmente não o ajuda a pensar em vez disso. No pensamento de outra culpa, não somos a causa do problema. É um estado em que basicamente desistiu de pensar porque a causa é outra pessoa. No entanto, a capacidade de pensar só pode ser adquirida se não fugirmos a esses problemas, mas se os enfrentarmos e trabalharmos meticulosamente no que tem de ser feito para os resolver.
Poder-se-á dizer aos novos empregados, por exemplo: “Não há nada a fazer, porque não sabes nada”. Isso é certamente verdade. Não há maneira de fazer nada. No entanto, o facto de terem ou não a atitude de tentar resolver problemas e desafios sem fugir deles faz uma grande diferença no seu crescimento posterior. Os conhecimentos, as competências e o trabalho não chegam até si através do seu chefe se ficar à espera de boca aberta. Pensar que se pode evoluir para um trabalhador que será uma mais-valia para a empresa é dizer que não se desenvolveu uma base para o crescimento. Isto porque a coisa mais importante para o crescimento é o pensamento.
Sem uma forte apropriação do seu trabalho, nunca desenvolverá a “capacidade de pensar”.
Como já foi referido, pensar é muito difícil e doloroso. Por conseguinte, uma abordagem pouco convicta do trabalho nunca lhe permitirá refletir sobre ele. Se desistir de pensar algures e pensar que o cliente é mau, que o ambiente dentro da empresa é mau ou que o chefe é mau, é o mesmo que desistir da oportunidade de treinar a sua capacidade de pensar. Em vez disso, deve ter um “sentimento forte” de que vai resolver o problema do cliente a qualquer custo. Por conseguinte, a abordagem passiva do trabalho só tem inconvenientes. Nunca se adquire a capacidade de pensar se não se tomar a iniciativa, se não se considerar o projeto como seu (mesmo que seja apenas um recém-licenciado) e se não se trabalhar nele com um forte sentido de responsabilidade.
Quando se aborda o trabalho com este sentido de propriedade, começa-se a falar de forma diferente. Deixamos de ser alguém que se limita a fazer o que nos mandam e passamos a ser alguém que diz ao chefe: “Não é possível pensar desta forma? e oferecer um ponto de vista diferente. Os chefes preferem falar e pensar em vez de agonizarem sozinhos. Isto porque ter alguém com quem falar é muito importante para pensar. Por isso, se conseguir convencer o seu chefe de que pensa e sabe pensar, será convidado para reuniões de planeamento estratégico e reuniões de parede a parede. Assim, pode obter todo o tipo de conhecimentos e histórias de experiência do seu chefe. Ganhará conhecimentos que nunca teria adquirido se tivesse apenas esperado que lhe dissessem o que fazer e, gradualmente, ser-lhe-á dada mais responsabilidade pelo seu trabalho, ganhando experiência em pensar e crescer.
Por favor, não fujam do pensamento. Não desistam de pensar. Não deixem o pensamento para os outros. Para tal, assuma um forte sentido de propriedade do seu trabalho.